quinta-feira, 15 de outubro de 2009

video muito esclarecedor

The video above shows UK Foreign Secretary David Miliband and Climate Change Secretary Ed Miliband at a joint press conference speaking about the pressing issue of climate change and how it related to the upcoming UN Climate Change Conference in Copenhagen in December.

http://www.youtube.com/watch?v=--r3D42Suao&feature=player_embedded#at=45

O dia deu em chuvoso



Eis que chegou o Blog Action Day. Cá estou eu fazendo minha parte nessa grande manifestação na internet pela discussão sobre mudança climática. Nesses dias, é difícil encontrar alguma coisa que valha um engajamento. Discutir meio ambiente exige um certo conhecimento, mas principalmente muita paciência, porque se trata de um assunto muito complexo, que envolve desde as grandes catástrofes até hábitos individuais de consumo. É uma questão política abrangente, pois recruta as pessoas a articular fenômenos como migrações e emissão de gases poluentes, desenvolvimento econômico e diversidade cultural. Na correria do dia a dia - aliás cabe perguntar: precisa ser assim? - não nos damos conta de tanta complexidade. Falar é até fácil, porque a informação circula e aparentemente - de acordo com as estatísticas - as pessoas estão conscientes dos riscos ambientais caso esse modelo de desenvolvimento não seja revisto, mas a mudança de comportamento está ainda muito longe. Como convencer-se de que é preciso consumir menos pacotes, latas, plásticos, comida, roupa, informação? Sim, porque até informação demais faz mal à saúde, tanto do cidadão consumista como da sociedade. Como esclarecer que o consumo excessivo gera problemas para a gestão do lixo e para a educação das crianças? Alguém perguntaria qual a relação disso com a mudança climática. Bem, tudo. É preciso rever e reverter o modelo de desenvolvimento que toma a natureza como fonte inesgotável de recursos. Repensar nossos valores e formas de satisfação de necessidades. Nunca algo foi tão difícil de resolver quanto urgente, fundamental, imprescindível. As pessoas não percebem o perigo a não ser quando já é tarde demais. Daí que o ambientalismo é essa força que mobiliza a comunidade científica, política e intelectual. Taí uma grande oportunidade para a mídia também mudar sua orientação e mostrar sua importância na politização das questões. Essa ação blogueira na qual me engajo hoje (e sempre) é uma tentativa muito nobre ainda que modesta: agendar o público para que fale de coisas realmente importantes.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Já que o assunto é clima...

Toda vez que a gente quer se referir à energia de um ambiente ou de uma interação, geralmente recorremos a expressões do tipo "que climão", "pintou um clima", "o clima não era favorável"... De uma certa maneira, "clima" estabelece uma relação de significação entre uma situação concreta e as infinitas possibilidades de interpretação daquele entorno difícil de verbalizar. Não importa se o "clima" era bom ou ruim, ou nenhuma das duas coisas, mas era algo significativo, que o torna digno de ser dizível, ainda que haja uma certa dificuldade para tal. Tentarei encontrar um significante mais plausível, e também mais adequado à discussão que se propõe no Blog Action Day. O clima sem aspas. No último feriado, abriu o maior solão no sábado. Eu estava em Curitiba curtindo aquele clima do qual, quando falamos, geramos um outro "clima" - naquilo que Barthes chamou de conotação: não era só o clima sem graça, nublado e úmido como há muito tempo se suporta reclamando; era também um "clima" sem graça, desanimado e desanimador, uma marca da cidade e até um tom de voz e de discurso. Bem, o sol saiu (só esse verbo dava uma análise semiológica) e junto com ele saíram sorrisos e esperanças em climas melhores. Resolvi com a família ir até Ponta Grossa, onde o clima é mais seco e a chance de chover é menor. Sol, calorzinho. Noite de domingo e o temporal com vento e frio subsequente. Curiosamente, foi a segunda vez que em Ponta Grossa isso acontece: chuva de fazer tremer as janelas e acordar a gente às seis da manhã. O contexto também se repetia: eu fui atacada pela insônia e meu filho teve uma noite ruim. Talvez não seja só o clima da primavera que é meio louco mesmo. Talvez seja o "clima" daquela cidade meio estranha. Sem poder sair de casa, fica sempre aquele "climão" de perda de tempo num feriado fora de casa. Foi voltar para o sol aparecer. Ainda que no mesmo "clima" frio curitibano de sempre.

domingo, 4 de outubro de 2009

Blog Action Day

No próximo dia 15 de outubro acontece a terceira edição do Blog Action Day, que este ano discute mudança climática. O BAD é uma iniciativa que tem como objetivo mobilizar os blogueiros de todo o planeta para que neste dia o tema de todos eles seja o proposto. Assim, nos meus próximos posts, vou discutir isso, tentar espalhar a idéia - já que estou eu também mobilizada. O site é http://blogactionday.org e o vídeo promocional está no youtube http://www.youtube.com/watch?v=3CnIJ19EVMo&feature=fvste1
Até mais.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Crônica 2

A propósito de uma crônica: no sábado (26/09), o escritor e ex-colega de UEPG Miguel Sanches Neto publicou "Amar uma cidade". Ele fala da sua relação com Ponta Grossa, lugar onde morei um tempão e hoje não entendo como consegui. O relato dele deixa transparecer todas as vicissitudes do amor: encantamento, gratidão, desencantamento, agressão, negação, aceitação, etc. Lembrei que há algum tempo escrevi uma crônica - olha só - sobre o mesmo assunto. Outras coincidências: ele nasceu numa cidade minúscula do interior do Paraná, como eu; ele viveu em Campo Mourão, como eu; fez pós-graduação em Floripa, como eu; sente-se sem raiz, sem um lugar para chamar de seu. Não tive dúvidas e escrevi para ele. A resposta trouxe mais identificação (essa coisa que nos falta a um lugar). Somos paranaenses e não sabemos o que isso significa. Também questionamos se isso precisa significar alguma coisa. Somos diferentes dos gaúchos, que no seu êxodo carregam o Rio Grande do Sul consigo para onde forem. Nós paranaenses, não. Nós vamos deixando nossa herança em algum lugar perdido da memória, acionando uma e outra informação quando solicitada. Então aquilo que poderia nos desabonar - a tal da falta de identidade - poderia nos redimir: somos o que os lugares e as pessoas que nos perpassam nos dão. Poderíamos chamar isso de cosmopolitismo doméstico. Ou não chamar de nada mesmo.

Crônica

Se eu tivesse talento, seria escritora. Eu escrevo artigos, resenhas (faz tempo que não faço uma), lá se foi uma tese. Mas esse gênero acadêmico tem suas manhas; existem textos bons e ruins, mas a metodologia permite que todos sejam compreendidos e atendam os objetivos a que se propõem. Já a literatura exige um bocado a mais de sensibilidade. Eu até acho que tenho sensibilidade: gosto de observar as pessoas nas suas ações mais comezinhas e já parto para o comentário daquilo que de tão óbvio as pessoas não percebem. Mas não tenho habilidade artística para transformar minhas observações em texto literário. Se eu me esforçasse, poderia apostar na crônica. Uma vez eu tentei, mas os textos eram tão ridículos que desisti. Eles estão em algum arquivo perdido do computador. Outro dia reli umas poesias que fiz nos anos noventa e achei uma cópia descarada do estilo Leminski. Deixa lá, quem sabe um dia aquilo revela outras coisas. Mas essa vontade de expressão literária é algo crônico; sempre acho que se eu me empenhasse talvez eu conseguiria. Até os (3) textos deste blog parecem-me muito ruins. Eu costumava ser uma boa repórter; recheava aqueles textos burocráticos, conhecidos como notícias, de lampejos de outras leituras. Outra crônica em mim é a eterna auto-cobrança (já não sei se está certo escrever assim; oh, God, até 2012 tenho que saber) de ler mais livros de literatura. Como não dou conta nem dos meus amados livros acadêmicos, acabo não lendo quase nada. Mas assim como a ioga tornou-se uma necessidade física e mental, a literatura também se torna uma vacina contra a mediocridade. Não importa mais. Agora eu vou me dar de presente horas de leitura prazerosa (não que meus fiéis companheiros de trabalho não me dêem prazer), para pensar na vida e na sua beleza. Sem compromisso.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Se essa rua fosse minha

Uma das metas da política é o que os filósofos chamaram de vida boa: justa e feliz para todos da polis. Na sociedade contemporânea, no entanto, a política muitas vezes não visa o bem comum, ao ponto de Estado e governo fundirem-se numa idéia de mera manutenção do poder (Maquiavel estava certo). Eu invisto uma parte significativa dos meus rendimentos para o pagamento da prestação da casa própria. Procurei um lugar tranqüilo para morar, numa rua com pouco tráfego, onde eu pudesse ficar sossegada para estudar, dormir ou curtir a família. Eis que senão quando, já há mais de um ano instalada no novo endereço, sei que a rua até então calma vai se tornar parte de um binário - uma rua que faz "par" com outra, cujo fluxo vai em só uma direção. A minha rua vai receber todo o movimento do Batel para o Bigorrilho. Ou seja, acabou o sossego. Fico pensando que no momento dessas decisões os planejadores urbanos (se é que param para planejar alguma coisa) entendem as ruas como meras passagens de carros e simplesmente não consideram que pessoas moram nessas ruas e que sua qualidade de vida ficará seriamente comprometida com a transformação da rua da casa em via rápida. Há vários exemplos disso em Curitiba: gente que teve seu cotidiano afetado pela racionalidade técnica, instrumental, que concebe a cidade como produto de coisas e não de pessoas. Todo mundo já entendeu que para melhorar o trânsito a melhor opção é investir em transporte público. Decisão sempre adiada. O metrô curitibano, por exemplo, vai ser resultado das pressões dos organizadores da Copa do Mundo, e não da necessidade de desestimular o transporte individual. E nisso tudo vejo a minha rua e a minha vida atrapalhadas por gente que simplesmente não pensou em ninguém.