terça-feira, 13 de outubro de 2009
Já que o assunto é clima...
Toda vez que a gente quer se referir à energia de um ambiente ou de uma interação, geralmente recorremos a expressões do tipo "que climão", "pintou um clima", "o clima não era favorável"... De uma certa maneira, "clima" estabelece uma relação de significação entre uma situação concreta e as infinitas possibilidades de interpretação daquele entorno difícil de verbalizar. Não importa se o "clima" era bom ou ruim, ou nenhuma das duas coisas, mas era algo significativo, que o torna digno de ser dizível, ainda que haja uma certa dificuldade para tal. Tentarei encontrar um significante mais plausível, e também mais adequado à discussão que se propõe no Blog Action Day. O clima sem aspas. No último feriado, abriu o maior solão no sábado. Eu estava em Curitiba curtindo aquele clima do qual, quando falamos, geramos um outro "clima" - naquilo que Barthes chamou de conotação: não era só o clima sem graça, nublado e úmido como há muito tempo se suporta reclamando; era também um "clima" sem graça, desanimado e desanimador, uma marca da cidade e até um tom de voz e de discurso. Bem, o sol saiu (só esse verbo dava uma análise semiológica) e junto com ele saíram sorrisos e esperanças em climas melhores. Resolvi com a família ir até Ponta Grossa, onde o clima é mais seco e a chance de chover é menor. Sol, calorzinho. Noite de domingo e o temporal com vento e frio subsequente. Curiosamente, foi a segunda vez que em Ponta Grossa isso acontece: chuva de fazer tremer as janelas e acordar a gente às seis da manhã. O contexto também se repetia: eu fui atacada pela insônia e meu filho teve uma noite ruim. Talvez não seja só o clima da primavera que é meio louco mesmo. Talvez seja o "clima" daquela cidade meio estranha. Sem poder sair de casa, fica sempre aquele "climão" de perda de tempo num feriado fora de casa. Foi voltar para o sol aparecer. Ainda que no mesmo "clima" frio curitibano de sempre.
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Repare que o clima substitui o comentário, economizando o esfoço e evitando o prejuízo de evidenciar o óbvio pela palavra.
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