segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Crônica

Se eu tivesse talento, seria escritora. Eu escrevo artigos, resenhas (faz tempo que não faço uma), lá se foi uma tese. Mas esse gênero acadêmico tem suas manhas; existem textos bons e ruins, mas a metodologia permite que todos sejam compreendidos e atendam os objetivos a que se propõem. Já a literatura exige um bocado a mais de sensibilidade. Eu até acho que tenho sensibilidade: gosto de observar as pessoas nas suas ações mais comezinhas e já parto para o comentário daquilo que de tão óbvio as pessoas não percebem. Mas não tenho habilidade artística para transformar minhas observações em texto literário. Se eu me esforçasse, poderia apostar na crônica. Uma vez eu tentei, mas os textos eram tão ridículos que desisti. Eles estão em algum arquivo perdido do computador. Outro dia reli umas poesias que fiz nos anos noventa e achei uma cópia descarada do estilo Leminski. Deixa lá, quem sabe um dia aquilo revela outras coisas. Mas essa vontade de expressão literária é algo crônico; sempre acho que se eu me empenhasse talvez eu conseguiria. Até os (3) textos deste blog parecem-me muito ruins. Eu costumava ser uma boa repórter; recheava aqueles textos burocráticos, conhecidos como notícias, de lampejos de outras leituras. Outra crônica em mim é a eterna auto-cobrança (já não sei se está certo escrever assim; oh, God, até 2012 tenho que saber) de ler mais livros de literatura. Como não dou conta nem dos meus amados livros acadêmicos, acabo não lendo quase nada. Mas assim como a ioga tornou-se uma necessidade física e mental, a literatura também se torna uma vacina contra a mediocridade. Não importa mais. Agora eu vou me dar de presente horas de leitura prazerosa (não que meus fiéis companheiros de trabalho não me dêem prazer), para pensar na vida e na sua beleza. Sem compromisso.

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